sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Kardec e sua Estrela Guia

Divagando
Kardec e sua Estrela Guia

Existia nos tempos de Kardec e existe ainda hoje um certo fascínio pela vida extra-terrestre. Kardec e os espíritos superiores nos informam através das obras básicas e das edições da Revista Espirita que todos os globos do Universo são habitados por seres carnais e espirituais.

No início do nascimento da Doutrina Espírita eram comuns os relatos e os desenhos mediúnicos da vida em planetas do nosso sistema solar. Além dos planetas, outros corpos celestes como satélites, estrelas e asteróides também eram considerados como moradia de espíritos.

A astronomia na época de Kardec ainda não possuía os poderosos telescópios atuais que contribuíram para catalogar mais de 100 mil asteróides. Os primeiros foram descobertos no início do século XIX e no primeiro de setembro de 1804 foi descoberto o terceiro deles pelo astrônomo alemão Karl Harding. Este asteróide foi batizado de Juno, nome da mitológica deusa romana suprema (também conhecida como Hera na mitologia grega), mulher de Júpiter.

Juno é também um dos globos citados por Kardec e pelo espíritos como um dos que servem de moradia a humanidade. Estas citações são encontradas na primeira edição do Livro dos Espíritos e na edição de 1858 da Revista Espírita.

Primeira edição do Livro dos Espíritos
Nota III
"Segundo os espíritos, dos globos que compõem nosso sistema planetário, a Terra é daqueles cujos habitantes estão menos adiantados fisicamente e moralmente. Marte lhe seria ainda inferior. Poderiam ser classificados na ordem seguinte, começando-se pelo últmo grau: Marte e vários globos menores; Terra; Mercúrio e Saturno; Lua e Vênus; Juno e Urano; Júpiter"

Revista Espírita, março de 1858
Júpiter e alguns outros mundos
"A Lua e Vênus estão quase no mesmo grau e, sob todos os aspectos, mais avançados do que Mercúrio e Saturno. Juno e Urano seriam ainda superiores a esses últimos."

Naquela época ainda era comum classificar os asteróides como planetas. E foi assim que Kardec descreveu o asteróide Juno na primeira edição do Livro dos Espíritos e na Gênese.

Primeira edição do Livro dos Espíritos
Nota XIII
"Uma pessoa evocada por um de seus parentes respondeu que habitava o planeta Juno. Após alguns instantes de palestra, cujos detalhes sobre coisas privadas não permitiam duvidar de sua identidade, ela se despediu, acrescentando: Eu preciso te deixar; tenho quatro filhos e eles têm necessidade de meus cuidados."

A Gênese
Capítulo VIII - Teoria da projeção
"Ao tempo de Buffon, somente se conheciam os seis planetas de que os antigos eram conhecedores: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Descobriram-se depois outros em grande número, três dos quais, principalmente, Juno, Ceres e Palas, têm suas órbitas inclinadas de 13, 10 e 34 graus, o que não concorda com um movimento único de projeção."

Por que Kardec e os espíritos teriam citado Juno como sendo uma das moradias da humanidade? Ceres, o primeiro asteróide descoberto e hoje considerado um planeta-anão, é muito maior do que Juno. Hoje se sabe que este asteróide não possui nenhuma característica especial para abrigar vida. É um pequeno pedaço de rocha brilhante.



Uma hipótese mística, mas ainda assim possível, seria a de que a descoberta de Juno teria sido um presságio para o nascimento de Hippolyte Léon Denizard Rivail, o codificador da Doutrina Espírita. Rivail ou Kardec nasceu em 3 de outubro de 1804, ou seja, um mês depois da descoberta de Juno.

Será que Juno foi a Estrela Guia de Kardec?

3 comentários:

  1. Olá Vital!
    Essa característica de seus estudos, esmiuçando os conteúdos, coloca os fatos mais à luz, como nesses casos de vida em outros planetas e outras idéias trabalhadas por Kardec.
    Minha tendência atual é utilizar esses casos "extremos" de conteúdo para discutir o método (frágil?) para se estudar tais fatos. O que essa forma de abordar esses assuntos diferem de ficção científica ou mitologia? Na minha opinião, nesses e outros casos, retiramos mais conhecimento desses textos analisando por uma simbologia psicológica. Mas só veremos qual abordagem mais adequada se nos concentirmos fazer divagações sobre uma teoria qualquer! Parabéns!

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  2. Excelente iniciativa Vital, pois é exatamente no divagar sobre uma idéia que temos condições de recriar uma visão pessoal que inclua não só o intelecto, mas igualmente aquelas funções irracionais de nossa alma que nunca devem ser deixadas de lado. De certa forma, trata-se de uma interpretação que abrange o simbólico, como o Luciano apontou.

    Inpirado pelo seu comentário final, me permito ainda outra dúvida: Será que Kardec não se identificou psicologicamente com Câncer?

    "Câncer representa o caranguejo que Juno, rainha dos deuses, enviou para resgatar a Hidra de Lerna. O caranguejo mordeu os pés de Hércules quando este combatia o terrível monstro, mas acabou esmagado. Para premiar o caranguejo, Juno o escolheu para representar esta constelação." - http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ncer_%28astrologia%29

    Em outras palavras, Kardec era o emissário que deveria resgatar a religião (que tem mil faces) do mundo inconsciente da mitologia, dando-lhe um caráter racional e científico. Será que Kardec atingiu esse objetivo ou foi esmagado pelos deuses, isto é, acabou sendo vencido pelos próprios mitos contra os quais lutava?

    É só uma divagação! Abraço

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  3. Obrigado pelo apoio, Luciano e Paul!

    Gostei bastante do que vocês falaram sobre simbolismo!

    Paul, achei pertinente a sua divagação... realmente, a proposta de Kardec era difundir a idéia de uma religião filosófica (ou uma religião no seu sentido filosófico).

    Mas a religião dogmática e sectária é, de fato, um terrível monstro. E aparentemente invencível... talvez consigamos um dia domesticá-lo... eheh!

    Abraços!

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