sábado, 19 de setembro de 2009

Comentário: Divulgando divagando

Por Antonio Baracat
(em resposta ao post Divulgando divagando)

O maior mal que se pode fazer aos outros, que, aliás, se volta contra quem o pratica, é atentar contra a liberdade. Porque a liberdade é coessencial às criaturas, é a marca mais expressiva de Deus em cada partícula subatômica, em cada estrela, em cada homem... Assim, não se pode conceber o Espiritismo sem uma atitude de completo respeito pela liberdade. E respeitar a liberdade é, sobretudo, estimular os outros à sua prática, inclusive proporcionando meios para ela se efetive.

A consciência da eternidade precisa ser radicalizada para ser bem compreendida. Não se trata de desprezar um só instante da vida, mas de entender claramente que a morte é só mudança do estado sólido para o estado gasoso, assim como nascimento é a transição oposta.

Pensando assim, lembro a lição evangélica de que se alguém te pleitear a capa, deve-se dar-lhe tambéma túnica; se pedir que caminhe com ele mil passos, deve-se caminhar outros mil; se te ofender uma face, deve-se oferecer-lhe a outra. Acrescento: se alguém te quiser tirar até mesmo a vida, que as constituições e as leis dizem ser o bem maior dos homens, dê-a para ele e sinta-se feliz por ter doado até mesmo o que os outros crêem insubstituível, pois essa é a prova de que você é detentor de uma patrimônio inestimável: a imortalidade!

Ciente da condição de criatura livre e imortal o homem só tem um dever, e é para consigo mesmo: encontrar meios para evoluir. Como? Jesus deu a dica: seja grato a Deus por existir exatamente como é e pode vir a ser, infinitamente, e amplie sua capacidade de doação ao próximo, porque só esta é prova incontestável, evidência indiscutível, de seu progresso.

Ora, a lição evangélica do amor a Deus e ao próximo está explicitada há dois mil anos, mas nem por isso tem sido compreendida. Em nome de Deus tem-se cometido todo tipo de barbaridade e tudo começa com atentados à liberdade, com o estabelecimento de supostas verdades, que se tornam dogmas e fixam fronteiras entre supostos eleitos e supostos réprobos...

Quando a dogmática se estabelece, a liberdade se retira e o caminho se abre para os abusos de todo o tipo. O Espiritismo não está imune a isso. Pelo contrário, já há muito têm-se fixado dogmas, aqui e ali, e se cerceado a liberdade de opiniões. Evidências disso encontra-se na Internet mesmo, em sites onde se registram severas críticas a determinados médiuns e autores e não consta uma só linha em sentido contrário, como se ninguém tivesse se interessado em debater os assuntos ali postados.

O mesmo acontece com as publicações espíritas impressas e com os programas de rádio e televisão: o fluxo da informação é unilateral, vai do veículo para o público e nunca em sentido contrário. Enfim, suprimem a liberdade de opinião ignorando os questionamentos e impedindo o confronto de ideias. Isso é péssimo! Foi trafegando por esse caminho que todas as doutrinas, sobretudo religiosas, se tornaram as aberrações que conhecemos.

No entanto, com o Espiritismo não há um risco definitivo, porque ele é a Doutrina dos Espíritos. Mesmo que sacerdotes reeencarnados consigam por algum tempo impedir o livre debate, não conseguirão, dessa vez, represar o fluxo da verdade. Podem atrasar a marcha, mas não impedí-la.

Neste preciso sentido, só posso saudar a inspiração que te levou a criar este Blog. Vamos às divagações, ao debate, ao confronto salutar de ideias, sem a pretensão de convencermos uns aos outros, mas sim de abrirmos caminhos para as reflexões que nos permitam orientar melhor nossos passos.

Viva a liberdade!

Antonio Baracat

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